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sexta-feira, 19 de julho de 2013

Cara a Cara Com Um Ku Klus Kan.






Todos os direitos autorais de Ivan de Oliveira
DIP Publishing House
Marieta, Georgia, USA
ISBN 978-1937182-04-5 (AC)


Capitulo 23 (Fragmento) do livro Diásporas Conflitos Diversidades

Cara a Cara Com Um Ku Klus Kan.

Oklahoma já por volta das 14h30min da tarde. Com o alivio da tensão comecei a sentir fome e parei em um restaurante mexicano para almoçar.
De dentro do estabelecimento eu vi a placa de sinalização indicando a direção para I-40 Norte.
Depois da refeição passei horas na estrada e quando começou a escurecer, deixei a pista e busquei um hotel para passar a noite na cidade de Oklahoma. O tráfego no I-40 foi aumentando na proporção que surgia mais cruzamentos de vias, sinal de que eu não estava longe da cidade. Quando tive oportunidade peguei a primeira saída e deixei a autopista, e parei em um posto de gasolina para comprar cigarros: A aparência do atendente do posto me assustou. Ele estava sujo e fedorento. O individuo se aproximou do balcão, e antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele olhou para mim como se estivesse tentando me intimidar.

– O que você deseja?

– Dois maços de cigarros GPC, por favor. Você tem essa marca?
Ele jogou o cigarro no balcão, paguei rapidamente e sair da loja do posto. Estranho; eu pressentir algo errado naquele homem despenteado. Não me senti confortável na área tão pouco, e por isso voltei para a estrada e seguir.
Um pouco mais à frente encontrei um Motel 6, que parecia um lugar convidativo para descansar. Uma jovem branca de cerca de 32 anos que estava na recepção logo quando entrei ela sorriu e perguntou se poderia me ajudar em algo. Uma menina muito agradável e educada.

– Preciso de um quarto para passar a noite, por favor.

– Quantas noites você vai ficar?"

– Apenas uma noite.

Paguei pelo quarto e ela me deu a chave. A jovem sorriu novamente e disse que seu nome era De De.

– Prazer em conhecê-la De De, meu nome é Luis Cesar.

– Nome bonito: você tem um sotaque. Posso saber de onde você é? Estás de férias? "

 – Originalmente, eu sou do Brasil e estive morando na Califórnia durante alguns anos. Sim, estou de férias e a caminho para o Canadá.

 – Verdade? O que fez você decidir visitar o Canadá?

 – Necessidade de mudar o um pouco meu estilo de vida.

 – Oh, Ok. Eu tenho inveja de você! Eu gostaria de poder ir com você, mas eu ainda não terminei a faculdade. Agora vá descansar um pouco pois noto que você está muito cansado."

– Seus estudos é importante e o que você disse é verdade De De. Eu estou muito cansado, boa noite para você.

 – Mr. Cesar, você está pensando em passar algum tempo em nesta cidade?"

 – Apenas o suficiente tempo para fazer algumas compras. Por quê?

– Esta é uma área muito racista, por favor, tenha cuidado.

  – Não me diga! Então a minha vida está em perigo?

  – Não, eles não lhe matarão, mas poder lhe provocar.

     Agradeço-lhe muito pelo conselho De De, serei cauteloso. Vou fazer minhas compras e voltarei pelo mesmo caminho.

    – Descanse um pouco agora, você estará seguro aqui para a noite.

Que diferença tão grande entre essa jovem mulher e o homem gordo “murriento” do posto de gasolina. Por que sua atitude de bondade e aceitação é tão diferente do homem?
Fiquei chocado: De De me disse que essa área é de supremacistas e aquele homem é um membro dessa facção. Eu não quero pensar nisso agora, estou cansado e preciso dormi.
Tomei um banho e deitei-me na confortável cama, para assistir um pouco de televisão. O cansaço tomou conta de mim e eu mal pude desligar o aparelho antes de cair no sono profundo.
Acordei no dia seguinte, às 06h30min, alegre ao ver uma cafeteira no meu quarto depois de tomar uma xícara de café colombiano fui dá uma olhada no carro e tudo parecia estar bem, de modo que já era hora de sair dessa cidade e tocar na estrada.
A autopista estava muito áspera e perigosa. Muitas curvas e muitos trechos em obras. Os desvios realmente complicava o desenvolvimento do trafico, enquanto a chuva não dava trégua. Através do retrovisor, pude ver centenas de carros e caminhões atrás de mim. Quando terminou o trecho da pista em obras veio o pior: As elevadas montanhas. Uma das curvas foi tão acentuada que quando a concluir, vi um enorme caminhão do outro lado, pelo formato da curva em U.
Eu não podia sair da estrada, para respirar um pouco devido ao acostamento que era muito estreito. Não tive alternativa senão seguir adiante até chegar no estado de Tennessee. Bem, parece que a coisa vai aliviar: O meu medo se acalmou, quando eu vi a placa de sinalização indicando; “I-81 to Tennessee”. Ótimo! Respirei fundo e me senti mais confiante quando vi a primeira sinalização para o Canadá, embora eu ainda estivesse muito longe daquele país.
O I-81 foi tranqüilo e mais seguro onde pude dirigir por mais algumas horas, até quando avistei um Shopping Center e um posto de gasolina. Meu carro definitivamente precisava de combustivel, eu de comida decente. Enchi o tanque e verifiquei o óleo do motor. Tudo bem; o nível estava normal. Liguei o motor para atravessar a rua em direção do hotel. Quando arranquei, ouvi um barulho de metal como se estivesse preso embaixo do carro e arrastando no chão.
E agora? Meu coração bateu forte e rápido e temi o pior. Movi o carro mais devagar, mas o barulho persistiu, o que chamou a atenção das pessoas das proximidades. Eu pensei que o motor tinha caído do carro. Um casal que estava abastecendo seu veículo apontou para onde o ruído vinha. Olhei embaixo. Ah! Uma das braçadeiras que segura o exaustor que soltou. Abrir o porta-malas e peguei uma chave de fenda e facilmente consertei-o que não tardou mais que dez minutos. Atravessei a estrada e fui para o hotel. Era um hotel gerenciado por uma família Indiana.
Comuniquei-me com o jovem recepcionista. Um admirador de Pele. O rapaz era um fanático do futebol. Para ele, Pelé sempre será o Rei do Futebol, e sempre será seu ídolo. Ele também parecia estar muito bem informado sobre a política e esportes do Brasil.
Infelizmente, eu o desapontei, quando eu lhe disse que não sabia nada sobre esportes em geral. Mas pelo fato de eu ser um brasileiro o fazia feliz. O rapaz insistiu em falar coisas bonitas do Brasil e eu já cansado de um dia longo: Eu só queria tomar um banho, comer alguma coisa e descansar. Quando encontrei uma brecha mudei de assunto e delicadamente pude finalmente deixar o lobby do hotel, agradecendo a ele pelos elogios dirigidos ao Brasil e fui para o quarto. Deixei meus pertences e sair para comprar alguma comida. Após a janta, dormi durante toda noite como uma criança. Quando acordei de manhã, eu queria um pouco de café, o mais rápido possível.
Tomei um banho e fui comprar algo para comer e voltei para o hotel. Tomei suco de abacaxi com uma grande fatia de bolo de banana e, um pouco mais de café forte. Senti-me novo e pronto para começar mais um dia. Mas antes de sair para a minha jornada, queria assistir um pouco de televisão para ver o que estava acontecendo no mundo, e algo cômico também, para mudar o ritmo. Vou ver se esta apresentando uma dessas “tragicomédias". Programas em espanhol que exploram a ignorância do cidadão, cujos protagonistas são os membros das famílias que interferem na vida pessoal do outro e que vão para programas de televisão achando que terão seus problemas solucionados pessoais solucionados. O caso que estava sendo apresentado por um dos psicólogos era muito dramático:

O homem negro estava sendo acusado pelo cunhado, de ser um oportunista, porque ele só trabalhava meio expediente, enquanto sua irmã, uma mulher loira artificial, trabalhava 12 horas diárias.
Interessante ninguém chamava o afro-dominicano pelo seu nome e sim "negrito", e a psicóloga e teleapresentadora foi a estandarte do estereotipo contra o cidadão. Ele parecia não ter noção de que lhe estavam faltando com o respeito e a sua dignidade humana.
A psicóloga não tinha a mínima informação sobre raça e etnia, por usar a mesma linguagem do seu ignorante público tratando um caso de racismo com brincadeiras.
Mudei para o canal CNN, para vê o Secretário de Estado norte americano Collin Powell, falando sobre os ataques perpetrados pela insurgência iraquiana e ele não escondia a sua perplexidade e preocupação sobre o aumento dos ataques com carros-bombas após a ocupação das tropas americanas.
Por outro lado, alguns analistas políticos tentavam minimizar a influência religiosa do jovem clérigo xiita Muqtada al-Sadr como um novo protagonista neste conflito. Eu gostaria muito de saber mais sobre Muqtada al-Sadr o líder do Exercito   Madji mas tenho que partir, pois tenho a minha própria batalha pela frente. Paguei minha conta na recepção do hotel, e fui para o carro com meus pertences. Dei uma olhada no motor e notei que estava vazando óleo me preocupou um pouco, mas não eu não podia fazer nada a não ser checar o nível a cada tanto.
Dirigi durante 4 horas sem parar. Durante aquele tempo, tentei relaxar, olhando as paisagens: Os rios e riachos que me fez recordar de quando eu era criança. Ah! Eu gostava de andar sozinho nas margens do rio ou pelas matas que tinham plantas de Jeremas.
O tempo passou rápido, porque eu relaxei enquanto dirigia. O relógio deu várias voltas sem eu perceber. A estrada era plana e reta. Umm! Estou me aproximando do fim da minha jornada, para começar uma nova vida no Canadá. Aí vem! Memphis: 8 milhas. Momento de emoção que jamais esquecerei; a ponte Hernando De Soto, que atravessa Memphis. Eu não arriscaria dizer qual é a mais bonita entre a San Francisco Golden Gate, ou a Hernando De Soto. Já dirigindo desde 9 da manhã até às 20 horas; estou cansado. Heee! Estou vendo um sinal de transito indicando a direção para o estado da Virgínia! Caminhões, e caminhões essa autopista é muito transitada e mais o stress! São às 22 horas! Preciso de descanso, tenho que encontrar um hotel e essa será a última noite que dormirei em território dos Estados Unidos.

Estou vendo uma pousada! Deixarei a autopista e vou até lá vê se tem vaga para uma noite. Estacionei o meu carro e fui até a recepção: Pousada loja de conveniência e salão de jogos de entretenimento, para seus hóspedes. Tudo bem, mas com essas caras que eu estou vendo aqui dentro, só me interessa dormir e ir embora amanhã cedo.
Entrei na loja, dei uma rápida olhada ao redor para vê se eu via alguma pessoa da raça, e não vi nenhuma. A recepcionista era uma mulher branca, cabelos ruivos, esguia de uns 56 anos de idade e que parecia muito a minha inesquecível amiga Gina, quem os meus. (continua)

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